O post de hoje é sobre essa questão levantada pela presidente(a) Dilma no programa "Mais Médicos". Antes de qualquer discussão a cerca do tema, vamos pensar sobre o que nos levou a esse tema virar... um tema. O que levou a presidente a pensar em uma medida dessas é o simples fato da nossa amada pátria ter uma relação de 1,95 ( em algumas literaturas 1,8) médicos por 1000 habitantes no nosso país em média. Esse dado não seria de todo ruim se e somente se não fosse uma média, se a distribuição da população médica fosse perfeita, não estaríamos ruim, haja vista que na primeira potencia mundial os EUA tem uma média de 2,4 médicos por habitantes. O problema é quando os médicos se concentram em alguns lugares do nosso país como, principalmente, as capitais. Por exemplo, a cidade de são paulo tem o quarto melhor índice de médico por 1000 habitantes do planeta ( antes de prosseguir com esse texto, meu conselho é ler esses links inteiros link e link). Ao decorrer desse texto vou tentar de todas as maneiras escapar de comparações numéricas, mesmo porque os dois links que eu passei esse trabalho foi feito de maneira bastante clara, e de qualquer maneira os dados podem ser interpretados de tantas maneiras que não acho que eu tenho competência o suficiente para conseguir fazer um texto levando em consideração tantas variáveis, vou me colocar no papel de observador que estudou um pouco sobre o programa e sobre alguns números para poder formar uma introdução ao tema. Ok, contando que o o leitor leu esses links vamos começar de fato a discussão sobre os médicos, ou seria uma discussão sobre a falta de médicos? O programa "Mais médicos", primeiro, prevê contratação de médicos para áreas com absurda falta de médico ( áreas conhecidas como como "interior do Brasil"). O processo de seleção será o seguinte: abre-se o edital, faz-se a seleção de todos os médicos que passaram, desses médicos que passaram no edital de contratação serão filtrador por: primeiro os médicos formados no Brasil, seguido por médicos brasileiros formados no exterior e por ÚLTIMO médicos estrangeiros. Acredito que tenho leitores atentos que logo vão levantar a seguinte questão: mas se o não tem médicos agora nessas regiões, quer dizer, se todos os médicos brasileiros já não estão nessas regiões necessitadas, o que adianta essa ordem de contratação sendo que no final das contas serão contratados médicos estrangeiros de qualquer forma? O caso é que o governo está investindo em criar novas vagas para médicos no Brasil e para formar um médico demora em média 10 anos. Quer dizer, que qualquer medida tomada hoje em relação a formação de novos médicos, se uma medida pudesse num passe de mágica criar 1 milhão de vagas em universidades de medicina pelo país , somente daqui a uma década teríamos médicos o suficiente para suprir a necessidade nacional da saúde. Esse pensamento também não é necessariamente correto, pois se pensarmos que os médicos formados tendem a ir para as capitais, essa falta de médicos somente seria amenizado daqui a 10 anos e não sanado. Então quer dizer que o que está sendo feito, esse programa "Mais Médicos", terá efeito de verdade? Não exatamente. Temos que ver essa questão de outros ângulos também. Pensemos, por exemplo, por que existe essa evasão dos médicos do interior do país? Será que é por causa do salário? Será que é por que nessas cidades as condições para exercer a profissão são muito precárias? Será que não há atratividade do ponto de vista econômico para médicos no interior? Eu não posso julgar os médicos que vão para as capitais "ganhar a vida" pois na minha área que é a de TI no Brasil existem poucos lugares realmente atrativos para se trabalhar e viver dignamente. Uma possível resposta seria um plano de carreira bem estruturado na área da saúde, onde os médicos pudessem ter boas vantagens tomando a decisão de ir para uma carreira pública. Essa polêmica também levantou o argumento de que muitos médicos cubanos seriam de má qualidade e que eles não conseguem passar em uma prova chamada "revalida", essa prova é para médicos estrangeiros que querem praticar medicina no país. Esse pensamento é ainda mais raso e os contra argumentos que tenho visto pela interwebs são piores que o próprio argumento patife. Argumentar que a maioria dos índices da saúde de cuba são melhores que os nossos, não significa que os médicos cubanos são melhores OU piores que os nosso. Esses índices melhores indicam de forma contundente que o SISTEMA de saúde cubano, como um todo, é muito superior ao que temos no Brasil, ponto. Outro argumento sobre a má qualidade de médicos cubanos é que a maioria eles não conseguem passar no Revalida, isso também é um argumento falacioso ( link ) pois em uma prova absurdamente mais fácil que a Revalida somente 50% dos médicos de São Paulo passaram, isso indica que o nível dos médicos pode ser bastante equivalente no que se refere ao nível de educação acadêmica. Outras medidas sendo tomadas pelo governo é que os alunos de medicina das escolas públicas sejam obrigados a ficar dois anos a mais no seu respectivo curso para cuidar de paciente do pronto socorro SUS. O meu comentário sobre essa proposta consiste em pensar sobre os pontos positivos que isso traria para o para ambas as partes, os médicos e os pacientes nesse período. Aparentemente, esses médicos farão esse período de trabalho antes de fazer sua residência de especialização, logo as pessoas que estarão no pronto atendimento do sus, serão as primeiras pessoas atendidas de verdade por esses médicos. Não podemos aqui fazer juízo de valor sobre com que qualidade será esse atendimento, pois imagino que se não for um bom atendimento médico, o problema da saúde em vez de melhorar, piore. Aliás, esse é outro fator "trágico" da saúde, os problemas tendem a ser bolas de neve. Se não há um primeiro atendimento decente, os próximos atendimentos tendem a ser muito mais custosos (cirurgias, medicamentos, especialistas etc) pois as doenças vão prosperando até, em último caso, matar o hospedeiro. Indo um pouco fundo nesse pensamento, tenho a tendência a apoiar atitudes que ajudam os mais desfavorecidos na nossa sociedade, penso que as medidas do governo na estão acertadas em todos os prazos : a curto prazo fazer um plano de carreira para médicos e contratar de qualquer fonte médicos capacitados para suprir os buracos do sistema atual, e a longo prazo oferecer mais vagas em cursos de medicina. Outro fator interessante sobre esse programa do governo é que os médicos só poderão ser contratados aqui no Brasil se o país de origem deles obter uma taxa maior que 1,8 médicos por 1000 habitantes e esses médicos estrangeiros devem falar português fluentemente. E que essas breves considerações iniciais sobre o tema permitam uma abertura para uma discussão muito mais ampla do que ficar com os argumentos esquizofrênicos do estilo: "O governo vai acabar com a saúde" ou "estão importando médicos cubanos para fazer uma ditadura demo-socialista". As mudanças dessas medidas serão observadas somente a longo prazo, torço para que seja um programa de sucesso e que os médicos possam optar por uma carreira pública com condição de vida digna, em qualquer região do país como podem os que fazem o curso de direito ( por sinal MUITO DIGNA a vida de alguém na área de direito, digna em demasia em alguns casos). Estou ciente também de que esse tema é muito grande mas eu gostaria de deixar essa pequena contribuição virtual com algumas questões e argumentos levantados, acredito que toda fonte de informação seja interessante de certo ponto de vista. As vezes tenho a impressão de que os blogs progressistas e a mídia direitista se assemelham muito no que tange a "exaltação de certos temas" , mas isso é tema para outro texto.
Fim.
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